Lightning Strike (raio) e suas consequências.

Aposto que ao ver esse vídeo, você deve ter se perguntado: Como pode um raio atingir uma aeronave em voo , e nada acontecer com os passageiros ou até mesmo com o aparelho?

Bem, nesse artigo, vou tentar explicar de maneira bem fácil e rápida, porque nada acontece com os passageiros e o que ocorre com a aeronave após ela ser atingida. Espero que após ler esse artigo, você não se assuste tanto, ao ver vídeos como esse.

Como sabemos, nuvens carregadas tendem a se transformar em um grande campo elétrico, formado pela distribuição de cargas positivas e negativas. Essa carga elétrica quando em grande proporção, tende a se expelir para outro corpo eletricamente carregado. E muitas vezes, essa massa eletricamente carregada, pode ser aquela aeronave em voo.

Mas, graças a um físico muito conhecido, chamado "Michel Faraday", que criou a famosa GAIOLA DE FARADAY, esses raios não interferem no voo e nem nas condições dos seus passageiros.
Os painéis de alumínio em torno de toda a superfície da fuselagem fazem a função de blindagem elétrica, onde bloqueia a passagem  da descarga para dentro da fuselagem, fazendo com que toda essa descarga atravesse o corpo da aeronave e se dissipem em pontos de escape.

Esses "ponto de escapes"são regiões periféricas, como bordas, fixadores ou superfícies mais pontiagudas.

Porém, ao tentar se dissipar, essa descarga causa pequenas marcas de queimado na região de escape, fragilizando ainda mais o local, causando muitas vezes danos severos à aeronave.

Vejamos abaixo, alguns exemplos dessa marca de queimado:

FIG 1 - Marca de queimado em bordo de fuga

FIG 2 - Marca de queimado em um parafuso de carenagem

A remoção dessas marcas devem ser imediatas ou não, dependendo do tamanho do dano ou até do fabricante da aeronave.

Quando encontrados em bordas como na FIG 1, muitos manuais simplesmente pedem que o dano seja removido com uma lixadeira ou lima e analisado.

Porém, quando o dano é em uma área de algum fixador, como na FIG2, o processo fica um pouco mais complexo, pois toda área com fixadores, possui um cuidado diferenciado, quando exposta a algum dano.

A partir daqui, iremos conhecer um processo chamado de COLD EXPANSION.

O Cold Expansion, ou "trabalho a frio" é um processo que tem a função de enrijecer a área que sofreu o dano, ou seja, ela restrutura a área que sofreu a tensão, tornando-a rígida novamente.

O vídeo abaixo, vai lhe ajudar a entender o conceito básico do Cold Expansion:

Após a remoção do fixador danificado, o manual do fabricante fornece todo o ferramental adequado para a execução desse serviço, oferecendo a melhor eficácia na reparação do dano.A ferramenta básica de Cold Expansion é uma pistola, um eixo guia e a sleeve (anel metálico, com material e dimensões específicas) que quando inserido dentro do furo danificado e aplicado uma força de expansão pelo eixo guia, a sleeve comprime as moléculas ao redor do furo, tornando a área rígida, como era antes do "raio". 

Todo esse processo possuí uma ferramenta adequada, materiais adequados e pessoas qualificadas. Como é um processo complexo, esse foi só uma visão básica sobre a remoção do dano e enrijecimento da área.

Após todo o processo executado, é necessário reinstalar o fixador, conforme instruções e reproteger a área. Pronto,a aeronave já está pronta para mais uma viagem segura e tranquila.

Assim, podemos concluir que todo e qualquer evento que possa ocorrer durante um voo, com certeza já foi previsto pelos engenheiro do fabricante, tornando sua viagem mais segura e confiável.

Então lembre-se, quando ver mais alguma imagem de algum raio atingindo uma aeronave, coloque em prática tudo que você aprendeu ao ler esse artigo, que mesmo sendo muito breve, vai lhe ajudar muito a entender o que se passa durante a operação das aeronaves.

E qualquer dúvida, deixem nos comentários.

Até mais galera!